quarta-feira, 1 de julho de 2009

A poesia narrativa e Machado de Assis: "Pálida Elvira"

O trabalho abaixo foi copiado de: http://www.abralic.org.br/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/080/MARCELO_SANDMANN.pdf

Mais uma cópia! Lamentável...



A Poesia Narrativa de Machado de Assis: “Pálida Elvira”, estudo de um caso.

O poema escolhido para análise, com o eventual recurso a trechos de outros
poemas, é “Pálida Elvira”, do volume Falenas, um longo poema narrativo de 97 estâncias ao todo, todas elas rigorosamente vazadas dentro da forma da oitava-rima camoniana em um poema de 1870.

Elvira, “a meiga virgem, pálida e calada”, “sonhadora, ansiosa e namorada” (nos
termos com que a define o poeta), devaneia de amores no quarto em que habita na casa de seu tio, o velho Antero, num vale ameno, junto à encosta de um outeiro, cercada por natureza propícia.

Elvira lê e medita versos de Alphonse de Lamartine (1790-1869), justamente o poema “O Lago”, em que o romântico francês evocava seus amores por uma jovem, não por acaso também chamada Elvira. A coincidência do nome e a relativa solidão em que vive fazem a
moça desejar para si também um amor como aquele:

Ai, o amor de um poeta! Amor subido!
Indelével, puríssimo, exaltado,
E que através dos séculos ouvido,
O nome leva do objeto amado.
(ASSIS, 1976, p. 286)


Em contraste com Elvira, seu tio Antero, “erudito e filósofo profundo” (nas palavras do Poeta), prefere a grave companhia dos clássicos gregos e latinos, ou ainda a das Sagradas Escrituras, de onde colhe exemplos que lê a Elvira. Pouco dado a devaneios românticos, censura, de modo afável e paternal, as aspirações melancólicas e juvenis da sobrinha, propondo-lhe, ao invés, ponderação e resignação diante dos desígnios da sorte.

É quando entra em cena Heitor, um jovem vindo do norte, cujo retrato nos é apresentado nas seguintes tintas: “Era um rosto poético e viçoso / Por soberbos cabelos coroado; / Grave, sem gesto algum pretensioso.” Chegava, portanto, o novel Lamartine daquela “pálida Elvira”, com uma carta de recomendação de seu pai, antigo conhecimento de Antero, para que este tomasse, por uns tempos, conta da educação do filho.

Os desdobramentos são os esperados. Heitor e Elvira se enamoram, com o pleno
consentimento do tio. Porém, um desfecho condigno para aqueles amores só seria possível dentro da boa ordem das instituições vigentes, e é nestes termos que o poeta resolve a questão, sentencioso: “Por fugir ao naufrágio e ao sofrimento, / Tendes uma enseada, - o casamento.” Portanto, prepara-se o casamento, tudo dentro dos conformes.
No entanto, repentinamente, já quase às vésperas das bodas, Heitor parte, sem dar qualquer explicação a Elvira. Atravessa os mares e vai viver longamente na Europa, em diferentes países, dedicando-se a desbragadas aventuras amorosas, com espanholas, italianas, inglesas, francesas, alemãs, qual Dom João. Cansado e arrependido, o noivo pródigo irá voltar, tempos depois, a casa que abandonara. Ao chegar, encontra um velho de “veneranda fronte” que tem nos braços uma “gentil criança”. Heitor dá-se conta, então, de que está diante do filho que não conhecera. Mas, ao tentar aproximar-se, é invectivado por Antero, que lhe revela a morte de Elvira. Heitor, desesperado, lança-se às águas do mar, em expiação.

O poeta rebate, preventivamente, as eventuais censuras de algum “crítico exigente”,
chamando a atenção para o fato de que está preferindo subordinar-se, sim, a certas convenções,
Logo que se conhecem, já a partir da primeira troca de olhares, Elvira e Heitor se
apaixonam. E passa a narrar, com detalhes, toda a aproximação.
E ainda uma passagem, a derradeira, e na última estrofe. Como se disse, depois que regressa de seu voluntário exílio, Heitor descobre a morte de Elvira, desespera-se e resolve dar cabo da própria vida. É nestes termos que o poeta apresenta a cena e conclui sua narrativa:

Pouco tempo depois ouviu-se um grito,
Som de um corpo nas águas resvalado;
À flor das vagas veio um corpo aflito...
Depois... o sol tranquilo e o mar calado.
Depois... Aqui termina o manuscrito,
Que ora em letra de forma é publicado.
Nestas estrofes pálidas e mansas,
Para te divertir de outras lembranças.
(ASSIS, 1976, p. 313)



Bibliografia:
- MAGALHÃES JÚNIOR, R. Vida e obra de Machado de Assis – vol.1 – aprendizado. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1981.

- SOUSA, J. Galante de. Bibliografia de Machado de Assis. Rio de Janeiro: INL, 1955.



Aluna: Monique Medeiros a Costa e Silva. DRE: 107367551
Teoria Literária III

Um comentário:

  1. O trabalho foi copiado de: http://www.abralic.org.br/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/080/MARCELO_SANDMANN.pdf

    Mais uma cópia! Lamentável...

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.