sábado, 11 de julho de 2009

such small hands

4 traduções para um poema de e.e.cummings...


e.e.cummings
somewhere i have never travelled, gladly beyond
any experience, your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near

your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully, mysteriously) her first rose

or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;

nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the color of its countries,
rendering death and forever with each breathing

(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands



Tradução de Rodrigo Garcia Lopes:
em algum lugar que nunca visitei, felizmente além
de qualquer experiência, seus olhos retém o seu silêncio:
nos seus gestos mais frágeis há coisas que me encerram,
ou que não posso tocar porque estão perto

seu olhar mais breve me desabrocha feito pétalas
mesmo que eu sempre me feche como dedos,
você me abre sempre, pétala por pétala, como a primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) sua primeira rosa

ou se seu desejo fosse estar perto de mim, eu e
minha vida encerraríamos com beleza, de repente,
como quando o coração dessa flor imagina
a neve descendo docemente em todos os lugares

nada do que eu possa perceber neste mundo é igual
à força de sua intensa fragilidade: cuja textura
me mistura com a cor de seus campos,
retribuindo a morte e o eterno a cada sopro

(não sei dizer o que há em você que se fecha
e se abre: só um pedaço de mim compreende que a voz
de seus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas



Tradução de Augusto de Campos:
nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa

ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente, de repente,
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;

nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade: cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira

(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas



Tradução de Jorge Wanderley:
em algum lugar onde nunca estive, e felizmente aquém
de qualquer experiência, teus olhos guardam seu silêncio:
em teu gesto mais frágil há coisas que me envolvem
ou que não posso tocar porque estão muito próximas

teu olhar mais leve facilmente me descerra
embora eu me tenha fechado como dedos,
e me entreabres sempre, pétala por pétala, como a Primavera
(por toques habilidosos, misteriosamente) abre a primeira rosa

ou se teu desejo é me fechar, eu e
minha vida nos fecharemos formosa e rapidamente
como quando o coração desta flor imagina
que a neve - cuidadosamente - está caindo em toda a parte;

nada do que podemos perceber neste mundo se compara
ao poder de tua intensa fragilidade; cuja textura
me compromete com a cor de seus países
e me entrega para a morte cada vez que respiro

(nada sei do que te faz tão poderosa
ao me mover; mas algo em mim compreende apenas
que a voz de teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem as mãos tão pequenas



Tradução de Rui Werneck:
em algum lugar que nunca fui, alegremente para além
de qualquer experiência, seus olhos têm silêncio próprio:
em seu mais débil gesto existem coisas que me enclausuram,
ou que eu não posso tocar porque estão muito perto

seu mais rápido olhar facilmente me captura
e no entanto eu me fechei como dedos,
você me abriu pétala por pétala como a primavera
abre (tocando habilmente, misteriosamente) sua primeira rosa

ou se você deseja me fechar,
eu e minha vida nos fecharemos belamente,
de repente, como quando o coração das flores imagina
a neve caindo devagarinho sobre tudo;

nada se percebe nesse mundo igual
ao poder da sua intensa fragilidade: cuja textura
me compele para as cores dos seus campos
traduzindo por hoje e sempre com sua respiração

(eu não sei o que é sobre você nos fechamentos
e aberturas; apenas alguma coisa em mim entende
que a voz dos seus olhos é tão profunda como todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas

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