terça-feira, 30 de junho de 2009

Análise do conto "Billy Budd", de Herman Melville.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA LITERATURA
DISCIPLINA DE TEORIA LITERÁRIA IV
PROFESSOR: Caio Meira
Feito por: Wesley Fontes de Freitas/DRE: 107366872
e Diego Guedes Paiva de Assis/ DRE:107366458


O conto Billy Budd, de Herman Melville, é uma obra realista, mas que junta vários elementos simbólicos e desnaturais ao realismo em si. O dualismo antagônico entre o bem e o mal é explorado pelo autor através de símbolos, ou imagens simbólicas, como, por exemplo, a natureza, de representação fortíssima em todo o conto.

Ao longo do texto, a beleza de Billy Budd, um personagem marinheiro cujo nome é o título do livro, é citada inúmeras vezes como algo que interfere no acontecimento dos fatos. Ele também é inocente e ingênuo, o que faz com que o autor o compare constantemente a animais. Por isto, o narrador o chama de “fatalista” (MELVILLE, p 26). Pelo fato de ele ser demasiadamente ingênuo, ele aceitava demais as coisas impostas a ele, como, por exemplo, o seu recrutamento forçado, “como era seu costume aceitar as vicissitudes do tempo” (MELVILLE, p.26). Sua maneira de agir é comparada ao modo como os animais vivem. Uma maneira totalmente inconsciente e cíclica, pelo fato de ela se repetir da mesma maneira em toda uma espécie. Por isso, tal personagem é caracterizado como adepto do fatalismo (“concepção que considera serem o mundo e os acontecimentos produzidos de modo irrevogável.” “... em geral, é uma corrente aceita por quem toma de modo passivo os eventos, não tendo a crença de que pode exercer um papel na sua modificação”).

A respeito das comparações de Billy a diferentes animais, um bom exemplo é quando o autor o compara a um cavalo puro-sangue pelas suas virtudes e até um pouco por sua forma física, por ele “dar mostras de vaidade, revelando, ao contrário, a naturalidade despreocupada daqueles em quem a realeza é um traço de caráter” (MELVILLE, p. 17). Com isso, o autor teve a intenção de mostrar que o personagem é involuntariamente, ou naturalmente, bom. O que, somado com a sua beleza, tornou-se causa da inveja de Claggart, que era mestre de armas e, futuramente, responsável pelo infeliz destino de Budd.

O narrador mostra também que a inteligência de Budd não era pouca. Ele “possuía aquele grau de inteligência que acompanha a retidão insólita dos seres humanos íntegros” (MELVILLE, p.29). Prova disso, também, é o fato de Billy ser analfabeto, mas compunha e cantava majestosamente bem suas próprias canções. Melville, por isso, o descreve como “o iletrado rouxinol” (MELVILLE, p.29).

Podemos notar, ao longo da história, que o Capitão Vere era muito afetivo para com o marinheiro. Ele venerava sua imoderada e involuntária generosidade, e sua coragem, por Billy tê-lo feito manter a calma quando estava quase que na iminência de perder a vida. Sendo assim, o via como da sua própria linhagem. O narrador compara o último encontro dos dois à hora em que Abraão preparava-se para entregar Isaac ao sacrifício para provar que tinha fé em Deus, o que é bem interessante. Por isso, Vere era obviamente contra a execução de Budd pelo crime que cometera contra Claggart, embora não tenho sido intencional, algo de que o Capitão sabia, pois isso ocorreu por Billy ter sofrido um choque muito grande por ter sido falsamente incriminado. O que começou a fazer com que este mostrasse uma característica ruim, ou talvez sua única desse tipo, que é o fato de ele falar pouco.

É notório que a coragem, mencionada antes, foi algo que fez Billy ficar relativamente calmo diante de sua morte. O narrador retoma esse fato comparando tal personagem a bárbaros convertidos em Roma após terem sobrevivido aos ataques de César. Essa comparação faz sentido porque os bárbaros estão longe da idéia de civilização e, por isso, estão muito mais próximos da natureza “nua e crua”. Sendo assim, eles aceitam melhor a idéia de morrer, ou seja, o medo da falecer é algo predominante em povos civilizados. E como todos sabem, falecer é algo natural.

O autor caracteriza Billy como um tipo de mártir, por ser julgado de uma maneira um tanto quanto injusta já que ele matara Claggart de maneira acidental. Esse processo de “martirização” do personagem se dá pelo fato de que ninguém do júri que julgou o marinheiro, juntamente com o Capitão Vere, queria lhe causar algum malefício. Eles apenas estavam seguindo as ordens da lei, que é, na teoria, igual para todos.

Por fim, Billy Budd morre por enforcamento no seu navio com toda tripulação assistindo. Isso se mostra muito semelhante com o momento em que Cristo morrera. Semelhança essa exposta pelo autor. Ao mesmo tempo em que a tristeza tomava conta de todos, seus olhos brilhavam quando se lembravam de como o marinheiro cantor analfabeto era. Por isso que esse acontecimento se assemelha ao falecimento de Cristo: os dois morreram diante de várias pessoas que os adoravam.

Referências:
- Melville, Herman. Billy Budd. Trad. Alexandre Hubner. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
- www.wikipedia.org

Um comentário:

  1. Wesley e Diego, o texto de vocês procurou acompanhar os movimentos do belo conto de Melville. Porém, em momento algum vocês se referiram ao que discutimos durante o período, ideias, conceitos, debates, temas etc. Assim, fica a impressão de que vocês apenas pegaram um trabalho que se dirigia a outra disciplina e o entregaram. De todo modo, o texto não é ruim. Abraços e boas férias.

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