terça-feira, 30 de junho de 2009

A Beleza em Baudelaire

Charles Baudelaire (1821-1867) é um poeta francês que tem como mais conhecida obra “As flores do mal” (Les Fleurs du mal). Sua poesia foi marcada pela contradição e antagonismo, como no próprio título de “As flores do mal”, que mescla a delicadeza de uma flor à perversidade do mal.

Em “O pintor da vida moderna”, C. Baudelaire abrange diversos temas que considera dignos de nota. O topoi mais evidente é o da beleza e, em conseqüência, a consciência do feminino.

No capítulo “O Belo, a Moda e a Felicidade” – primeiro capítulo – ele defende a apreciação da beleza individual, da beleza particular que não é tão exaltada quanto a beleza clássica e comum a todos expressa pelos artistas antigos. Menciona também a importância de se observar a beleza do presente, que ele não é belo só pela sua imagem, mas também por ser algo tão próximo. Baudelaire usa da comparação com a moda para falar do fascínio histórico e artístico, o fascínio de dupla natureza; embora haja padrões para esta moda, para este tipo de beleza, é o conjunto da época que encanta. A idéia humana de belo se exprime em todas as suas ações. O homem, por natureza, busca se assemelhar como pode aquilo que gostaria de ser, busca se assemelhar e produzir de acordo com o seu ponto de vista do que é belo. O belo é comumente comparado à beleza grega, à beleza clássica. Analisando a beleza através dos séculos percebe-se que ela sempre esteve presente; não importando em que condições ela sempre foi almejada, desejada, a fome de alcançar o belo foi saciada até mesmo nos tempos mais inesperados e turbulentos. Em "O belo é constituído por um elemento eterno, invariável, ..., e por um elemento relativo, circunstancial” e “Sem esse segundo elemento, o primeiro elemento seria indigerível, inapreciável”, Baudelaire expõe a sua opinião de que a beleza é uma composição, uma mistura não determinada de elementos puros e almejados com outros da natureza humana. A parte da beleza duradoura só se manifesta de acordo com a visão de quem a enxerga. “A dualidade da arte é uma conseqüência fatal da dualidade do homem”, aqui o autor deixa claro o fato que o produto do homem é variável com base na perspectiva do mesmo.

No capítulo “O Croqui de Costumes” – segundo capítulo – o valor da obra está atrelado ao seu nível de beleza. Dentro das possibilidades o artista deve o conferir à arte o máximo possível de peculiaridade e o belo deve estar presente.
No terceiro capítulo, “O Artista, Homem do Mundo, Homem das Multidões e Criança”, Baudelaire fala do fascínio inegável que a beleza exerce sobre as pessoas, a imagem considerada bela e, principalmente, que seja desconhecida prende o olhar. Tal interesse faz com que o homem comporte-se como uma criança que não consegue desviar atenção do que a atraiu por um rápido instante. Quem ama o belo nunca se satisfaz com a estabilidade dele, quer sempre ir além do que ele é, quer desvendar seus mistérios e descobrir maneiras de torná-lo ainda mais fascinante.

No capítulo “A Modernidade” – quarto capítulo – o autor orienta, de acordo com as idéias de Constantin Guys, a beleza do que é comum, “extrair o eterno do transitório”. Além de evidenciar o esforço de se extrair a beleza do que, a princípio não é atraente, ao invés de aceitar o feio como feio e deixá-lo de lado. A beleza faz-se de sua complexidade disfarçada de simples, caso contrário cai-se no óbvio, no que é vazio de peculiaridade. A modernidade deve se mostrar digna de um dia se tornar Antigüidade através da extração de sua beleza obscura, fornecida pela vida humana que nela interage. Com base nas idéias clássicas, muitos retratistas aperfeiçoavam, e ainda aperfeiçoam, os modelos de suas obras buscando embelezar a realidade.

No oitavo capítulo, “O Militar”, há a exemplificação de um outro tipo de beleza, a beleza particular de cada indivíduo. O belo pode ser identificado nas ações de alguém, na personalidade que invade a imagem inicial.

No capítulo “O Dândi” – capítulo nove – chega-se a conclusão de que a dedicação à beleza irá variar de acordo com o grau de desocupação e de boas condições financeiras do indivíduo. Pessoas que possuem muito tempo livre tendem a se preocupar mais como seu próprio belo do que as com tempo curto ou outro empecilhos. Em “O tipo da beleza do dândi consiste sobretudo no ar frio que vem da inabalável resolução de não se emocionar” pode-se interpretar como um ser que é belo sem se reconhecer como tal, um ser que não tira proveito deste fato.

No décimo capítulo, “A Mulher”, encontram-se inúmeros argumentos que defendem que a beleza é intrínseca à mulher, uma é parte da outra. “Tudo o que adorna a mulher, tudo que serve para realçar sua beleza, faz parte dela própria”, neste trecho entende-se que ser belo é parte do feminino, é parte da feminilidade querer se adornar e ter boa imagem. A harmonia dos elementos faz com que este ser mulher seja referência de beleza.

No capítulo “Elogio da Maquiagem”, - capítulo onze – a naturalidade da beleza é evidenciada, como em “A simplicidade embeleza a beleza!”. As mulheres em suas práticas de embelezamento utilizavam produtos que omitissem as pequenas marcas, sinais, enfim, as pequenas imperfeições; entretanto, para Baudelaire só é possível usar do artifício da maquiagem as que já forem belas e querem realçar tal beleza, a feiúra não consegue sem transformada em bela por uma camada de produtos. Novamente o ideal de beleza grega, de beleza clássica é tida como inspiração, o uso do pó-de-arroz assemelha o ser humano a uma estátua, aproxima-o de um ser divinizado.

A beleza pode ser lida a partir da idéia de harmonia, não importando quais sejam os parâmetros de beleza de uma época ou indivíduo, é o equilíbrio entre os elementos que torna algo fascinante aos olhos. O conceito de belo é variável de época para época, assim como de indivíduo para indivíduo, raramente culturas e séculos distintos estarão em consenso quanto ao que é digno de real admiração e desejo.



Referências bibliográficas:
- BAUDELAIRE, Charles. "O pintor da vida moderna". In: Obras Completas
-http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/charles-baudelaire/charles-baudelaire.php
- Anotações das aulas de Teoria Literária III, ministrada pelo professor Caio Meira, na Faculdade de Letras da UFRJ.

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Por
Karinna Malheiros Lemos;
DRE 107367713;

Curso de Teoria Literária III.

Um comentário:

  1. Karinna, você procurou acompanhar os movimentos do pensamento de Baudelaire no texto abordado. Ficou interessante, mas acho que você poderia ter tirado mais ideias, dele e suas. Mas não comprometeu, ficou bom o resultado. Boas férias e um abraço. Em breve envio as notas.

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