quarta-feira, 24 de junho de 2009

DISCURSO SOBRE A ATIVIDADE ESTRUTURALISTA E A CRÍTICA LITERÁRIA

Durante o curso de Teoria Literária IV, no desenrolar das leituras em sala de aula, andei-me perguntando o que seria o estruturalismo então, em minhas indagações sugeri algumas idéias através da leitura do texto “Atividade Estruturalista e Crítica Literária”. No meu parecer, o estruturalismo seria um modo de pensamento, não somente uma teoria, ou seja, corpos teoricamente definidos. É uma maneira de ver o mundo, uma maneira de ver as coisas. A lingüística é a própria ciência da estrutura e os paradigmas de Saussure são os paradigmas do estruturalismo. A estrutura é algo que se exercita, tem um processo de operar e faz um procedimento de operações, por isso, está sempre em atividade. Não se pode separar o sentido da operação, pois, trata-se de uma estrutura.

O estruturalista vai copiar o objeto, porém, vai fazer com que algo apareça, algo que estava no objeto mais que ninguém estava percebendo. A estrutura é uma copia que simula o objeto. É preciso numa abordagem estrutural decompor o objeto se quer estudar e depois recompor. Uma atividade que vai dar entendimento de alguma coisa, torná-la racional. Depois de fazer a análise, decompõem-se o objeto para então fazer uma recomposição, que seria a síntese. Recompor a síntese que é o caminho, como havia sido composta tal obra. Toda a crítica, principalmente de arte, vai querer saber como o objeto se deu ou que técnica se sucedeu.

Alguns acreditam que na literatura existe algo que não está nela, mas pertence a outro lado. Algo que a reflexão filosófica não tem e que se tivesse deixaria de ser algo. O importante no trabalho literário é ajeitar-se com o que já possui assim como a regra da “bricolage”, ou seja, dar uma arrumada com o que há na mão e transferir para uma estrutura nova. Aventurar-se numa coisa na tentativa de usar tal coisa na função que seria dela própria.

O escritor dá um jeito de fazer seu trabalho literário com instrumentos que já lhe pertencem. Então, de várias análises abstrair uma síntese e, nenhum elemento que ele utilizou vai retornar a sua função de origem. O estruturalista consegue ver uma estrutura, faz uma análise da estrutura e desta montagem tira uma outra coisa, aproveitando as mesmas peças. Executa a montagem com os instrumentos que ele já possuía.

A crítica literária faz parte do fenômeno literário porque está suposto que a critica faz parte da existência das produções literárias. A crítica fala a língua do seu objeto pois o lado cientifico da crítica esta mais ligado as formas literárias, por exemplo: o fato de que não existe mais forma literária pois tudo faz parte de um mesmo conjunto.

Uma abordagem externa vai explicar o texto de acordo com um determinado período da historia e também de determinado poema constituir a expressão de um estado em que se encontra o autor. O extremo de uma análise seria o de esquecer o contexto histórico, social, etc., e tentar explicar o texto somente em si. É preciso conhecer o contexto na tentativa de promover o equilíbrio.

A própria linguagem tem um caráter estrutural que é admitido hoje. A crítica literária em si é estruturalista por demonstrar uma coisa e tentar mostrar outra. Qualquer atividade crítica é estruturalista porque tem uma maneira sistemática de abordagem textual. Numa abordagem crítica é preciso chegar a uma posição em que algo está latente no texto, ou seja, algo que esta num fato qualquer de análise, mas que não percebemos a primeira vista. É necessário, nesse sentido, levantar questões acerca da imposição estruturalista.

A história da literatura não era apenas uma seqüência de fatos. O estruturalismo constitui a obra como um objeto. A hermenêutica propõe estudar a obra como sujeito já que o objeto, neste caso, é uma coisa morta. A proposta da hermenêutica de tomar a obra como sujeito constitui o pensamento vivo e não o objeto. Uma tentativa de pensar de acordo com o pensar do autor, sem desprezar a parte interna. Então é preciso reconhecer que o autor teve várias experiências. Nesse sentido, além de uma abordagem complexa interna, há uma reconstituição do horizonte histórico. Enfim, a hermenêutica interpreta o texto a partir do horizonte histórico.

A obra literária tem um lado que é o autor, a realização das idéias do autor no mundo. o processo de leitura será uma confirmação de expectativas e o rompimento de outras expectativas. No entanto, todo o rompimento que se tem é a consciência que avança sobre o texto e completa o que ele diz. Todo texto tem interpretação porque o texto em si não consegue ser total, pede várias leituras. O texto literário é organizado num determinado horizonte histórico que com o passar do tempo forma outro horizonte.

Pegando um pouco as idéias de Husserl, ele aponta a consciência como aquela que avança sobre o mundo, recorta o mundo e deixa de ver uma coisa para ver outra. Pois, como ele mesmo dizia em seu livro sobre meditações metafísicas, ”toda consciência é consciência de algo". O autor seria o dono da ação e o leitor o receptor. É impossível pensar a leitura sem pensar um autor ou a imagem que temos dele. Se todo é indeterminado, ao ler o texto nós o determinamos. Quando lemos o texto, pelo fato de ser indeterminado, produzimos uma interpretação a respeito deste.

O fato de minha consciência fazer um recorte do mundo deixa algo que o recorte largou de lado. O ser é ser num determinado tempo da historia. Depois constitui o não-ser. O que caracteriza ser é essa harmonia com o mundo de poder estar sempre o interpretando e fazendo uma filologia hermenêutica do ser no mundo.

Portanto, a característica de uma abordagem estruturalista é de um modo de pensar que privilegia a análise funcional. Vê a obra como um sistema de significação e, como cada elemento quer dizer alguma coisa, faz parte desse sistema. O poema em si é uma supercodificação, uma forma complexa que por sua vez está em forma de sistemas. Cada unidade do sistema não tem sentido por si mesma e sim num todo. E, através do método analítico, fazer a análise do objeto separando seus elementos para no final uni-los novamente (síntese).


por WILMAR PERCILIO
DRE: 107365355

Um comentário:

  1. Wilmar, você procurou fazer um apanhado do que vimos durante o período. Acho que o resultado ficou um tanto confuso, sobretudo no que diz respeito ao seu próprio texto. Em alguns momentos, parece que você está apenas alinhando frases umas atrás das outras, sem se preocupar em conectá-las. De toda maneira, pelas conversas que tivemos e pela sua participação em sala, está claro que você está a par das questões importantes da teoria literária. Precisa apenas de encontrar uma maneira mais sua de dizer o que tem a dizer. De toda forma, o trabalho levanta pontos interessantes. Envio a nota ao fim da leitura de todos so trabalhos. Abraços e boas férias!

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