Ana Cláudia da Silva Patrício. DRE: 108059923
É importante pensar que o leitor possa ter uma participação no processo literário, de modo a desmistificar e desconstruir a autoridade do autor. Pois bem, no capitulo IV de O demonio da teoria, intitulado "O leitor", Antoine Compagnon vai colocar o leitor num dos ápices do triângulo da literatura, igualando-o, portanto, ao autor (o artista) e ao mundo (do qual são abstraidos os conhecimentos prévios do indivíduo), no qual deve haver uma interrelação entre esses três ápices; no centro desse triângulo estaria a obra literária.
Compagnon analisa uma abordagem fenomenológica para a literatura, problematizando a questão de como essa abordagem pôs por terra o estruturalismo e o formalismo. Visto que o estruturalismo considera a obra como objeto de estudo. Ele é mais do que um método analítico. É uma tomada de posição que valoriza as estruturas. Mas não considera a correlação leitor-autor como uma extensão da correlação sujeito-objeto. Quanto ao formalismo, este também vai desconsiderar o leitor, e analisar a obra em sua própria forma.
Segundo Brunetière e Lanson, só há uma interpretação para cada texto. Ou seja, o estudante precisa criar um hábito de leitura, para então conseguir interpretar fielmente os textos literários. Essa negação do leitor como agente capaz de interpretar de forma livre um texto, também é formulada pelos adeptos da New Critics. Eles defendem a obra como uma unidade auto-suficiente, na qual o leitor deve fazer uma leitura fechada, idealmente objetiva.
Para exemplificar esta problemática do leitor, um dos fundadores da New Critics, o filósofo I. A. Richards, pediu a seus alunos que fizessem "comentários livres" sobre alguns poemas apresentados em sala de aula, dos quais não eram citados seus respectivos autores. A maioria dos resultados não foram produtivos. Mas, segundo Richards,as deficiências como: incompreensão, falta de cultura, imaturidade etc. é que dificultaram o efeito do poema sobre os leitores. Entretanto, ele afirmava que esses obstáculos poderiam ser superados através da educação; esta lhes proporcionaria uma compreensão plena e perfeita de um poema, por assim dizer, in vitro. Portanto, o leitor era visto como uma função do texto era um leitor onisciente, que precisava aprender a ler cautelosamente, e então, superar suas limitações individuais e culturais.
Por outro lado, o texto apanha para uma análise segundo a qual a efetividade da obra não se encontra no autor, porque a literatura definitivamente não encontra seu fim no volume escrito. Isto é, precisamente ou não, a desconstrução que Heidegger faz da divisão histórica que o ocidente provocou entre sujeito e objeto. Porque a Pós-Modernidade, já definitivamente mergulhada em Freud, não pode desconsiderar as contribuições subjetivas, entre elas: as referências pessoais anteriores, afetos, desejos, outras leituras desse leitor para a do já ultrapassado "ato criador".
Contudo, segundo o texto, não se pode negar o vigor do objeto, da coisa presente, do texto quase enquanto matéria. Mas, é da interação dialética entre dois elementos (autor e leitor) é que o texto pode emergir em sua configuração mais plena. Segundo Wolfgang Iser, a obra literária tem dois pólos, o artístico (o texto do autor) e o estético (a realização efetuada pelo leitor). Entretanto, todo processo de leitura envolve a experiência do literário (expectativas) e temporalidade. Considerando a estética da recepção e do efeito todo texto é indeterminado, compreensão derivada da fenomenologia, para a qual a nossa consciência não é passiva. Ela vai buscar o mundo, e interpretá-lo como uma leitura de mundo.
Referências Bibliográficas
COMPAGNON, Antoine.O demônio da teoria. Belo Horizonte: UFMG,2003.
GENETTE, Gérard. Figuras. São Paulo: Perspectiva, 1972.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
O Papel do leitor na comunicação literária
Marcadores:
crítica,
crítica literária,
crítico,
estrutura,
estruturalismo,
Modernidade,
teoria literária
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Ana Cláudia, o seu texto ia bem, comentando o capítulo do livro do Compagnon, quando, ao fim, parece ter sido interrompido abruptamente. Parece que você ficou com pressa de terminar e começou a atropelar um pouco o seu raciocínio. De todo modo, trata-se de um bom trabalho, coerente com seu estágio de formação. As notas seguirão após a leitura completa dos textos. Abraços e boas férias.
ResponderExcluirCaio